Na última quinta-feira, “Shazam! Fúria dos Deuses” estreou nos cinemas brasileiros. Estrelado por Zachary Levi (“Chuck”), o longa foi uma continuação direta de “Shazam!”, de 2019, sendo também uma das últimas produções do finado DCEU, o Universo Estendido da DC Comics. E o público que foi assistir ao novo longa da DC (todos os 30 espectadores) podem ter saído com uma boa experiência, mas a decisão de acabar com esse universo compartilhado pode ter afugentado os poucos fãs – mesmo os mais confiantes.
Foi assim que o Tio Du foi assistir ao filme, ainda na estreia, no dia 16 de março, em um cinema de Guarulhos. Outras sessões estavam programadas para o mesmo dia, mas apenas em sua versão dublada em todos os horários disponíveis. Provavelmente existiam sessões no áudio original, legendado, mas como o shopping é do lado da casa do Tio Du, não valeria a pena me movimentar para algum lugar mais longe.
E assim, muitas pessoas podem ter encarado este filme: Muito longe para gastar dinheiro com ingresso, pipoca, refrigerante e estacionamento e assim vimos um monte de poltronas sem ninguém, com fileiras completamente vazias. Como falei na “crítica prévia” nesta thread do Twitter, a experiência foi muito boa. O filme é engraçado, tem suas pequenas falhas como todo filme de super-herói (principalmente os atuais). O fato triste, novamente, é que estávamos assistindo com apenas outras 20-25 pessoas no máximo. Provável que não vejamos filmes solo do “Shazam” nunca mais. Ou pelo menos não nessa vida.
O filme tem duas cenas pós-créditos. Na primeira, metade dos 20 espectadores já tinha ido embora e perdeu uma cena simplesmente sensacional. As referências são vomitadas na sua cara e claramente foram gravadas depois do James Gunn chegar, por mais que ele tenha falado no Twitter que não. A segunda cena chega depois de todos os nomes passarem na tela, no melhor estilo da concorrente Marvel, mas meio inútil igual a de “Adão Negro” e do primeiro “Shazam!”. Provavelmente será descartada a ideia apresentada.
Um dos pontos positivos de “Shazam! Fúria dos Deuses” é o dragão que provavelmente veio emprestado dos estúdios de efeitos visuais de “Game of Thrones”. Mas enquanto os efeitos visuais estão bons e as falhas não são tão grotescas, a mixagem de som está muito ruim em várias partes. O áudio parece o som estourado de um funkeiro curtindo sua música. Por muitas vezes não dá pra você escutar nem o que está “tocando” e acho que não é só porque a sala era menor que as outras. Nos créditos, a música é extremamente alta e aquele momento “conversa pós-filme” é anulada com o som que chega a doer os ouvidos.
Assisti o filme ao lado da minha esposa, que não gostou da atuação meio caricata do Zachary Levi. Eu não vi problemas, mas talvez seja porque eu goste do ator desde a série “Chuck”. Além disso, provavelmente foi uma orientação do diretor pra parecer mais verídico um adolescente no corpo de adulto. Porém, isso é um pouco forçado demais com a personagem da Meagan Good, que parece forçar um pouco a barra do personagem ingênuo, mesmo que sua contraparte criança seja muito nova.
Achei engraçado que a personagem Mary da atriz Grace Caroline Carrey tem uma leve mudança entre a versão jovem e a versão heroína: colocam uma maquiagem nela na versão “Shazamada” dela. O personagem Freddie tem seus grandes momentos no filme, mas não se aprofundam numa explicação pra isso. Ok, o filme é do “Shazam”, talvez seja por isso.
É medonho como Lucy Liu parece ter a mesma cara que tinha em “As Panteras”. Em apenas uma cena, de cima, que mostra umas rugas próximas ao olho dela. Nas demais cenas: mais nova que eu. E ela tem 54 anos.
A personagem da Helen Mirren entrega e muito. Por causa da atriz. Mas faz sentido ela ter falado que nem sabia o que estava fazendo. No filme ela sabe muito bem, mas ao mesmo tempo parece ser só o talento e presença, mas a alma não estava ali não.
Enfim, no resumo do filme: Gostei mais da experiência do que “Adão Negro” (que eu não esperava muito e entregou menos que eu esperava) “Shazam! Fúria dos Deuses” já não prometeu nada. Afinal, a Warner esqueceu que ia lançar o filme, eu acho. Há relatos que o longa custou US$ 100 milhões somente de marketing. O que eu acho um custo gigantesco, já que as únicas ações promocionais que eu vi aconteceram na semana de lançamento. O filme estava prestes a ser lançado, mas a Warner nem se esforçava, talvez prevendo que o longa deverá ser um fracasso na bilheteria e dar prejuízo ao estúdio. Assim, gastar com mais propaganda só aumentaria o saldo negativo.
Junta-se a isso o fato de que as mudanças da DC Comics deixaram fãs de longa data, como o próprio Tio Du, sem vontade de assistir ao filme. Por muitos momentos durante o dia, cheguei a desistir de ir ou deixar para o lançamento na HBO Max, como deve ter sido o caso de muitas pessoas. Claro que isso pode ter sido a própria estratégia de marketing da empresa que já podia estar prevendo um fracasso de bilheteria, mas que ainda assim daria menos prejuízo para lançar do que “Batgirl”. Mas uma coisa me preocupa: O cinema estava vazio. Já fui em sessão de “A Freira” no horário de almoço de dia de semana e dias depois do lançamento que tinha mais gente. Com “Homem Formiga e a Vespa: Quantumania” também já tinha visto o cinema mais vazio, mas não desse jeito. Não na estreia.
É preocupante que a Warner Bros está vendendo muito “The Flash” (por mim, maravilha), mas “Besouro Azul” pode sofrer e ir para o limbo do novo DCU (se participar). Mas a culpa foi do marketing inexistente de “Shazam 2”. Uma pena que eu gosto do herói e gosto do ator e gostei do trabalho do diretor David F. Sandberg. Aliás, sua participação especial em “Fúria dos Deuses” é maravilhosa. Responda se você viu.
Em um resumo básico da minha avaliação, “Shazam! Fúria dos Deuses” é nota 8. Isso porque sou fã da DC e fã de Zachary Levi. Mas entendo quem avaliar um pouco melhor ou pior. Fico triste apenas pela sala vazia, que depois de alguns dias sabemos que não foi somente a minha, já que a bilheteria foi menor que “Adão Negro” e, pasmem, “Morbius”.
